Ecossistema destruído, Terra Indígena devastada
A floresta amazônica brasileira está em risco. Estamos falando da maior floresta do mundo e de um indispensável reservatório de CO2, vital para os recursos hídricos da América Latina como também para a biodiversidade e o equilíbrio climático de todo o planeta. Além disso, a Amazônia é a terra legítima de inúmeras comunidades indígenas. Por mais que estas protejam este ecossistema único, interesses econômicos com fins lucrativos ameaçam o seu habitat e a sua segurança.
Cerca de 60 por cento da região amazônica está localizada no Brasil, onde a ameaça é mais grave: Em 2019 , a destruição devido ao desmatamento aumentou em 85 por cento em comparação com o ano anterior. 9’166 quilômetros quadrados foram destruídos – mais do que a área conjunta dos cantões de Berna, Fribourg e Aargau.
A presidência de Jair Bolsonaro de extrema direita de 2019 a 2022 foi devastadora: Ele encorajava a exploração da Amazônia. Sua política promovia a mineração, a extração de madeira e a agricultura em reservas naturais e territórios indígenas, como também a violência contra as comunidades indígenas. Ele debilitava instituições que tinham o propósito de proteger a floresta tropical e seus habitantes e reprimia os ativistas severamente.
Há milhares de anos comunidades indígenas vivem na Amazônia, só nos territórios brasileiros hoje são cerca de 900’000 pessoas. Milhares de pessoas vivem até mesmo em isolamento voluntário. Seus conhecimentos e forma de vida diante da calamidade climática desempenham um papel importante: Pesquisas mostram que seus territórios estão mais intactos do que o resto da floresta tropical. O reconhecimento e a proteção desses territórios protegem o imprescindível ecossistema que é a Amazônia contra mais danos.
Desde a eleição de Lula da Silva para presidente, a esperança por melhorias é grande. Contudo, a situação continua perigosa, especialmente em vista do equilíbrio de poder no parlamento brasileiro, que favorecem os latifundiários e seu lobby. E não por último devido ao papel das empresas internacionais, entre outros, bancos suíços, asseguradoras e empresas de commodities que lucram na economia agrícola e no mercado de ouro.
Apesar de vários retrocessos as comunidades indígenas continuam lutando pelos seus direitos de forma corajosa e bem-organizada. Seus notórios protestos contra os madeireiros ilegais e garimpeiros são ouvidos em todo o mundo.
Os sucessos do APA na Amazônia
Tupinambá apresenta pedido de reconhecimento de seu território
Em março de 2023, a comunidade indígena dos Tupinambá apresentou um relatório à FUNAI para que seu território fosse reconhecido como “Terra Indígena”. O relatório documenta a reivindicação histórica da comunidade sobre seu território e mostra sua conexão com a região no curso inferior do rio Tapajós. O relatório foi precedido por um processo de demarcação no qual os Tupinambá coletaram dados geográficos sobre seu território. A APA apoiou os Tupinambá com crowdfunding para financiar esse projeto complexo.
Pesquisa «UBS co-financia empresas agrícolas controversas»
A APA revelou que o UBS, através de seu banco de investimento brasileiro UBS BB, tem fornecido dinheiro de investidores globais às empresas agrícolas. Ambas as empresas estão envolvidas em casos de desmatamento ilegal, destruição ambiental e violações dos direitos humanos. Através de um relatório, um Web Story e um vídeo explicativo, a APA conseguiu expor isto ao público e dessa forma contribuir com o amplo debate relacionado à responsabilidade corporativa.
O mercado de ouro se pronuncia a favor dos direitos indígenas
Após a visita de uma delegação da Amazônia brasileira, cinco grandes refinarias de ouro e a associação suíça de fabricantes de metais preciosos publicaram uma declaração de repúdio: Eles condenaram a mineração ilegal e exigiram que as comunidades indígenas e locais tenham o direito de opinar nos projetos.
Filme premiado da APA “Tapajós Ameaçado”
O filme “Tapajós Ameaçado” realizado por Thomaz Pedro foi recebido com entusiasmo em festivais de cinema e ganhou vários elogios. Mostra a perspectiva dos povos indígenas, cujo ambiente é ameaçado por projetos de infraestrutura. Estes projetos promovem sobretudo a exploração da região. Além disso, um relatório da APA esclarece quem é afetado e quais instituições financeiras suíças estão alegadamente envolvidas.